DONZELAS E MILAGRES

Que têm em comum Jesus, Buda e Zoastro?

Para os Cristãos, a concepção de Jesus é um acontecimento tão importante como o seu nascimento. Que a mãe de Jesus, Maria, era virgem quando o concebeu é indicação certa de que ele é filho de Deus. Mas a crença num nascimento milagroso não é de modo algum exclusivo da cristandade, e encontra-se em religiões por todo mundo.
Diz-se que Buda passou milhares de encarnações antes de tomar a forma de um pequeno elefante branco e entrar no útero da futura mãe pela ilharga esquerda. O evento foi acompanhado por outros milagres, instrumentos musicais, que tocavam sozinhos, rios que deixaram de correr e um súbito desabrochar de árvores e flores fora de época.

A luz brilhante

Zoroastro, o profeta da religião dos Pársis, também existiu em espirito antes do seu nascimento, no século VII a.c. Acreditava-se que seu pai era Ahura Mazda, o deus supremo, e sua mãe uma donzela de 15 anos chamada Dughda. Durante a gravidez, Dughda encandeava as pessoas com a luz divina que irradiava do seu corpo, e os pais apressaram-se a casa-la com um homem da aldeia mais próxima a fim de evitar um escândalo.

Uma luz divina era também emitida da donzela indiana Devaki, depois do deus hindu Vixnu ter entrado no seu útero. Nasceu sob a forma terrena de Krishna para viver como guerreiro e filósofo antes de regressar ao reino espiritual como deus hindu de direito próprio.

Na América do Sul, a mãe deus e herói azteca Quetzalcoatl era virgem quando uma divindade tomou a forma de manhã, soprou-a e engravidou-a para que Quetzalcoatl pudesse assumir a forma humana.

O antigo supremo deus grego, Zeus, transformou-se num aguaceiro de chuva a fim de fecundar Dánae, que deu à luz Perseu, o matador de Medusa. E em cisne antes de violar Leda. Uma das gémeas nascidas em sequência disso foi Helena, por causa de quem a Grécia e Tróia travaram uma guerra. A acção mais ousada de Zeus talvez tenha sido fazer-se passar pelo guerreiro Anfitrião na noite em que este ia finalmente consumar o casamento com Alcmene, que tinha vedado o leito ao marido até ter vingado a morte dos seus irmãos.
Zeus observou a batalha e, sob a forma de Anfitrião, entreteve Alcmene, com relatos dos seus gloriosos feitos. Ao mesmo tempo, ordenou ao deus sol, Hélio que descansasse um dia, prolongando assim a noite, e o tempo com Alcmene, de 12 para 36 horas.
Quando Anfitrião chegou a casa vitorioso, ficou muito desconcertado pela frieza de Alcmene, enquanto ela o achou cansativo e repetitivo a relatar os seus feitos. Mas o profeta Tirésias depressa reconciliou o casal, explicando o que realmente acontecera.
Era hábito na antiga Grécia, atribuir paternidade divina a qualquer pessoal muito notável. Dizia-se que o filósofo Platão e o matemático Pitágoras eram ambos filhos de Apolo.

Flor mágica.

Algumas civilizações antigas do mundo criaram mitos de concepção milagrosa que não envolviam poderes divinos e tinham mais significado político e religioso. Nestes casos, um objecto mágico era considerado o pai. Como exemplo, Fo-Hi, um lendário imperador da China, que foi concebido enquanto a mãe engoliu uma flor que se agarrara ás roupas quando se banhava.

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