TODA A VERDADE
O Conflito do Médio Oriente ultrapassa em muito o problema entre Israel e a Palestina. O Espaço mediterrânico oriental e a Arábia seriam um foco de tensão mesmo sem a existência do estado de Israel. O antagonismo entre as grandes potências mundiais do Século XX, os EUA e a URSS, já se verifica nesta área desde do Século XIX, entre 1853 a 1856, quando a Inglaterra e a França ajudaram a Turquia na época o Império otomano na Guerra contra a Rússia, a Guerra da Crimeia, e desde que a Inglaterra, a França e a Rússia, unidas na I Guerra Mundial, para o desmantelamento do Império Otomano, actual Turquia.
A responsabilidade desta luta pertence à situação estratégica do flanco meridional da NATO, à riqueza dos campos petrolíferos, à luta de poder e ás exigências que daí resultaram. Mas actualmente e como sempre, Israel constitui o centro das disputas e o eixo das posições.
Qual a causa deste facto?
- A Terra Prometida
Uma tribo nómada, procedente da Mesopotâmia, os Hebreus, depois de muitos séculos de migrações por vastas regiões do Médio Oriente até ao baixo Egipto, chegaram à terra situada entre as costas do Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão. Esta era a Terra Prometida, que Deus havia-lhes prometido. Deus a quem têm recorrido, em tempos de necessidade e opressão, até aos dias de hoje. Não existe, desde a origem da História da Humanidade, uma narrativa tão descritiva sobre nenhum povo, como a Bíblia «Antigo Testamento», narração que relata a valiosa aliança entre um povo e seu Deus, nos momentos mais difíceis, nunca visto até aos dias de hoje.
Em princípios do último milénio antes de Cristo, David criou um poderoso reino, tendo Jerusalém como capital. Abrangia toda a totalidade do actual Estado de Israel, com excepção de algumas cidades costeiras, e com grande parte dos actuais países como o Líbano, Síria e Jordânia, 75 anos mais tarde, desagregou-se em 2 reinos: Israel e Judeia, que foram aniquilados pelas grandes potências mesopotâmicas da época, Assíria e Babilónia, ao fim de alguns séculos. Após tempos de opressão sobre o domínio babilónico, persa e helénico (Ptolemaico e Selêucida), o judeu Hasmoner, das linhagem dos Macabeus, criou um novo Estado independente, que se manteve durante um século, acabando por ser submetido ao Império Romano em 63 A.C. embora mantivesse autonomia interna, ainda que nos últimos 6 séculos, antes da era cristã, muitos judeus saíram para terras da zona Mediterrânea e do Médio Oriente.
Parte deles deportados, outra parte emigrantes voluntários. Na sequência de uma sublevação contra Roma, devido a destruição de Jerusalém e dos seus Templos, no ano 70 D.C. por ordem de Tito, filho do Imperador Vespasiano, após 3 anos de resistência, suicidaram-se os últimos resistentes na fortaleza de Massada, sobretudo depois de uma última tentativa de sublevação, levada a cabo por Bar Kochba nos anos 132 e 135, a população foi expulsa. No entanto, sempre se manteve um grupo judeu que em princípios do século VII era já suficientemente forte para se impor por uns anos ao domínio bizantino com a ajuda dos persas.
Sob o domínio árabe, desde 634 a 638, os Judeus alternaram períodos de tolerância com épocas de sujeição, especialmente com as cruzadas, em especial que provocaram um contínuo dizimar da população judaica, concentrada nas cidades de Jerusalém, Hebrón, Tiberíades e Safed. Em Tiberíades e nas comunidades exiladas em Babilónia encontravam-se as Escrituras Sagradas do Talmud Mischna, que continuavam e completavam os textos do Antigo Testamento. Contudo a maioria dos judeus vivia no exílio, frequentemente em ghetos excluídos de todos os trabalhos “honrados”, como o artesanato. Oscilando entre a tolerância e a perseguição, entre a tentativa de adaptação a um novo ambiente estrangeiro e a perseverança na busca da Terra Prometida. Lesbha Habaa b´Yerushalayim. O próximo ano em Jerusalém rezavam os Judeus todos os anos, nas vésperas da Páscoa. Assim foram muitos os que tiveram êxito, na viagem de regresso a casa.
- Sionismo e emigração judaica.
Foram poucos e pequenos grupos que conseguiram encontrar o caminho de regresso à Palestina. A sua motivação religiosa era suficientemente forte face às perseguições em massa verificadas, durante o tempo das cruzadas, na Europa Central e na Península Ibérica, na sequência da conquista por parte dos cristãos, depois de terem conseguido chegar a uma convivência pacífica com os muçulmanos. Na Península Ibérica, Portugal e Espanha expulsaram quase todos os judeus em 1942, na sua maioria para o Norte de África e também para a Europa de Leste. Na Europa Central conservaram-se comunidades que progressivamente alcançaram importantes posições na vida económica e intelectual.
Contudo a perseguição e a discriminação continuou nos tempos modernos, e os esforços para se conseguir uma emancipação e uma integração ao lado da maioria cristã não resultou. Os núcleos judaicos mais importantes na Idade Média situavam-se na Polónia e no Leste da Europa, onde constituíram em muitas cidades e comarcas a maioria da população. Ao contrário do Mediterrâneo e na Europa Ocidental, onde só se dedicavam ao empréstimo de dinheiro, trabalhavam ali na maioria artesãos, muitas vezes em condições de opressão. As perseguições intensificaram-se na segunda metade do século XIX, por autoridades russas serem receptivas ao descontentamento nacional e local relativamente aos judeus.
Deram-se assim movimentos migratórios em grande escala, principalmente para os EUA. O facto de se efectuarem também importantes emigrações para a Palestina, não corresponde só a motivos religiosos. O pensamento judaico do século XIX, tal como o de vários povos. Também queriam o seu Estado, este foi o facto que desempenhou um papel importante para tais emigrações. O mesmo se deu o facto das ideias socialistas se terem difundido entre os judeus da Europa de Leste, que procuravam concretiza-las num espaço real.
Leon Pinsker, no seu livro “Auto emancipação”, tornou-se um dos primeiros animadores do Sionismo, que encontra em Theodor Hersl, a sua carismática fonte de inspiração.
Em 1882 chegaram em grande número à Palestina emigrantes judeus, procedentes da Rússia, da Polónia e da Roménia:
– Primeira Aliya, onda emigratória para o Sião. Sob a pressão de sangrentas perseguições “Progroms”, no Império Russo, a colonização da área rural alargou-se rapidamente, promovida por Edmond de Rothschild.
– A Segunda Aliya, dá-se na sequência de novos “Progroms”, esta onda emigratória na maioria jovem é procedente da Rússia, imbuída de ideias socialistas e portadoras de lemas como «A Religião do trabalho» e «Regresso à Terra Santa». A população judaica, até 1914, passou de 12.000 para 85.000 habitantes em 44 colónias rurais.
– A Terceira Aliya, deu-se logo a seguir à I Guerra Mundial, entre 1919 e 1923, era constituída por gente nova e pioneira. Provinha da Europa de Leste, abalada pela guerra e pela revolução, ao mesmo tempo, crescia também a população árabe por uma emigração incontrolada de territórios vizinhos, atraída pelo alto nível de vida da Palestina, que dia a dia aumentava mais.
– A Quarta Aliya, a partir de 1924 trouxe ao país, sobretudo judeus polacos oriundos da classe média.
– A Quinta Aliya, teve finalmente lugar em 1933, vinda principalmente da Alemanha, após a chegada ao poder do partido nazi, o nacional-socialismo.
Havia muitos emigrantes, dotados de poder monetário e que se puseram em marcha, de maneira decisiva, a vida económica, sobretudo a industria de construção e a cultura de citrinos. A subida geral do nível de vida deu lugar à emigração maciça de judeus, a que os árabes vieram atrás, cujo o número aumentou de 24.000 para 450.000 habitantes entre 1882 e 1839.
- Os Palestinianos e as suas reivindicações.
Alguns sionistas pensavam a princípio poderem conduzir um “Povo sem Terra” a uma “Terra sem povo”. Outros viam com mais clareza. Já em 1918, David Ben Gurion dizia que o povo judeu tinha o dever absoluto e inalienável de proteger os direitos e interesses dos habitantes não judeus do país, de dos os respeitar nos mínimos pormenores. A Declaração de Balfour, que incluía reservas análogas, pouca segurança prometeu aos árabes palestinianos.
Também os Ingleses, durante a I Guerra Mundial, fizeram promessa, ainda pouco sólidas aos representantes árabes no Cairo por McMahon, quando a Inglaterra tentava ganhar aliados contra a Alemanha Imperial e o Império Otomano. Logravam-se as esperanças árabes de um grande Estado sob o domínio dos Hechemitas, e de um território independente. Sem dúvida que as esperanças judaicas, se não ensombraram menos, o protectorado britânico promoveu uma emigração e colonização, bastante tímidas, interrompendo-as por completo a partir de 1939.
A resistência árabe manifestou-se por actuações armadas, que visavam os territórios judaicos na sua totalidade entre 1920e 1921 e 1929. Regularmente, desde 1936. Através das acções pelas quais em 1929 a antiga Comunidade Judaica Ortodoxa de Hebrón foi dizimada, e em 1939 totalmente destruída e expulsa. Gerava-se assim um clima que parecia tornar-se impossível uma convivência pacífica entre Judeus e Palestinianos. Nestas circunstâncias que se atreverá a falar da culpa histórica????
Os Árabes que há séculos se sentem na Palestina, permitiriam a rebelião de fanáticos religiosos com Hadj Amin Al Husaeini, O grande mufti de Jerusalém, e grande amigo de Hitler. Os Judeus não tinham alternativa, aliaram-se aos ingleses, por causa das perseguições que sofriam na Alemanha nacional-socialista, e ajudaram as suas unidades defensivas, as Haganah, à derrota da maioria das rebeliões árabes entre 1936 e 1939. Quando os Ingleses em 1937, fizeram repetidas propostas de uma divisão da Palestina., os Judeus manifestaram a sua concordância «Mais vale um pequeno Estado que nenhum», os árabes rejeitaram afirmando que eram a maioria.
A grande deficiência objectiva dos árabes foi não terem uma direcção única. A II Guerra Mundial adiou o problema por uns anos. Os Judeus apoiaram os aliados no esforço de guerra para vencerem Hitler. Após 1945, lutaram pelo fortalecimento da imigração e pela recolha de sobreviventes do Holocausto Nazi, nos campos de concentração. Os árabes esperaram o seu momento, que nunca chegou
- Trajectória de Israel durante 4 Guerras.
O momento dos Árabes não chegou, pelo contrário os ingleses cansados da guerrilha israelita, Haganah, e pela teimosia de ambas as partes, devolveram a responsabilidade da Palestina à ONU, e a 29 de Novembro de 1947 a Assembleia Plenária da ONU estabeleceu a divisão da Palestina. O povo Judaico celebrou então o seu Estado, embora os seus desejos não se tivessem cumprido. Jerusalém teria de se internacionalizar. Os Árabes rejeitaram e tiveram a resposta, por todos os lados a Legião Árabe, em grupos de guerrilha atacavam as colónias judaicas.
A armada do Rei Abdullahs da Transjordânia interveio e Jerusalém foi cercada. Os Judeus, mal armados resistiram aos ataques. Na sequência do protectorado e da proclamação do Estado de Israel, os exércitos do Egipto, Iraque, síria e Líbano, apenas a Arábia Saudita, participou diplomaticamente, avançaram sobre Israel, que conseguiu resistir até ao ano de 1949 quando foram concluídos os armistícios, as suas tropas ocupavam quase 30% a mais de território que tinha sido atribuído pela ONU. Apenas se havia perdido algumas colónias em Hebrón, assim como o bairro judeu de Jerusalém.
Cerca de 600.000 palestinianos deixaram o país uma parte voluntariamente, outra sobre pressão israelita. Os seus acampamentos de refugiados tornaram-se focos de agitação. Os Estados Árabes impediam a integração dos refugiados na vida social e económica. Fomentavam ataques contra estabelecimentos israelitas por grupos de guerrilha. Muitos refugiados permaneciam durante largos anos, em acampamentos, abastecidos pelo Comité da ONU para os refugiados, especialmente em Gaza, Jordânia, Síria e no Líbano. Estes acampamentos começaram a ser focos de grupos de terrorismo político. Aos ataques árabes seguiram-se logo na primeira metade dos anos 50, contra-ataques israelitas, a exemplo a conquista provisória da faixa de Gaza em 1955. Sob a pressão da contínua ameaça externa, Israel tomou parte numa acção Anglo – Francesa contra a nacionalização do Canal de Suez entre Outubro e Novembro de 1956, no entanto a Península do Sinai devia ser abandonada, sobre pressão os EUA e da URSS, em troca da garantia de uma navegação livre no porto de Elat. Em 1968 na sequência da campanha do Sinai as tropas da ONU, encarregavam-se da segurança na fronteira entre o Egipto e Israel. Entre as fronteiras com a Jordânia e a Síria, deram-se novos ataques árabes, contra objectivos civis, assim como represálias israelitas. Inícios de 1971, os Estados Árabes vizinhos sentiram-se novamente fortes, para atacar Israel sob a palavra de ordem, a libertação da Palestina. Após as retiradas das tropas da ONU, através da influência diplomática de Nasser, o presidente do Egipto. Bloqueou o estreito de Tiran à navegação israelita até Elat. Egipto, Síria e a Jordânia concentraram as suas tropas nas fronteiras de Israel. Depois de avisos sérios, numa ofensiva preventiva contra o Egipto e de contra – ataques contra a Jordânia e a Síria. Israel ocupava na Guerra dos seis Dias entre 5 a 10 de Junho de 1967, a península do Sinai, a Jordânia Ocidental e os Montes Golam à Síria. A zona oriental de Jerusalém foi anexada ao estado Hebraico.
Israel sentia-se agora militarmente invencível, começava um período de isolamento face á ONU. A sua exigência no sentido de libertar os territórios ocupados, de acordo com a resolução do Conselho de Segurança n.º 242, de 22 de Novembro de 1967, não foi aceite. No Suez tinham entre 1969 e 1970 fortes combates militares. Depois deu-se o estabelecimento de armistícios pouco seguros. Em 1973 num ataque covarde e de surpresa, os exércitos do Egipto e da Síria, fortemente equipados militarmente pela URSS, atacam Israel na religiosa data festiva de Yom Kippur, o nome do próprio ataque «Guerra de Yom Kippur», a princípio com êxito, no entanto ultrapassado de novo pela eficácia e astúcia do exército judaico em 3 semanas. As tropas israelitas estacionaram frente a Damasco, capital da Síria e na parte oriental do Canal de Suez, o exército egípcio ficou encurralado. As grandes potências impuseram novamente o armistício.
Depois destas 4 guerras israelo-árabes os Estados produtores de petróleo pressionaram o Ocidente, através de um boicote parcial. Não só a Liga Árabe, mas também as mas também a ONU, reconhece o terrorista Jasir Arafat, como dirigente da organização palestiniana Al-Fatah, como o representante legítimo dos direitos do seu povo. O objectivo dos palestinianos era conseguirem um Estado próprio nos territórios da Palestina. Rejeitaram um compromisso que Israel considerou aceitável, para a criação de um território autónomo desmilitarizado, nos territórios ocupados á Jordânia em 1948 e 1967, a margem leste de Nablus e Hebrón e Gaza no Egipto. A sua meta apresentava-se como sendo a eliminação do Estado de Israel. A Assembleia Plenária da ONU tomou a decisão de fazer prevalecer os direitos dos palestinianos que negavam a existência do Estado de Israel, esse mesmo Estado que a ONU tinha criado, e ao mesmo tempo sionismo e racismo eram equiparados!!!
A visita do presidente egípcio Sadat a Jerusalém em 1977, conduziu com a ajuda da diplomacia norte americana sobre a administração do presidente cárter, pelos acordos de Camp David em 1978 e 1979, à paz entre Israel e o Egipto, a qual assegurava a devolução da Península do Sinai ao Egipto, até 1982, mas isolava os territórios dos campos árabes e não davam mostras de quaisquer progressos na questão palestiniana.
- O conflito do Líbano.
O Líbano contentou-se com a declaração formal de guerra em 1948, durante a guerra da independência de Israel, que lhe trouxe importantes baixas militares. Depois da guerra chegavam ao país cerca de 80.000 refugiados, uma parte encontrou ocupação na crescente economia libanesa, outra vivia nos campos de refugiados. Até 1967, os palestinianos não constituíram qualquer problema para Israel. Na Guerra dos deis dias o ministro libanês da defesa, um cristão, numa atitude realista manteve os seus exércitos nas suas bases, apesar da ordem de ataque dada pelo presidente muçulmano. Desta forma o Líbano livrava-se de mais uma catástrofe.
A seguir a guerra, os palestinianos do Líbano desencadearam a partir daqui os ataques contra Israel, provocando os respectivos contra – ataques. O exército libanês atacava menos Israel e em troca tentava travar as ofensivas palestinianas, a partir dos territórios fronteiriços a sul do Líbano, onde se fixou o movimento migratório palestiniano. As milícias cristãs do Líbano esforçavam-se para dificultar as ofensivas palestinianas. Finalmente em Outubro de 1969 teve lugar uma luta renhida entre o exército libanês e os palestinianos que terminou em Novembro, mediante um acordo secreto no Cairo entre Arafat e o comandante – chefe do exército libanês. Os palestinianos conseguiram licença de estabelecer as suas unidades militares nos campos de refugiados nos territórios fronteiriços. Em contrapartida, comprometiam-se a respeitar a soberania do Líbano. Este tratado nunca foi levado a sério e muito menos cumprido.
A situação agravou-se quando o rei Hussein II, destruiu as posições armadas palestinianas entre 1970 e 1971, atacando as posições armadas palestinianas na Jordânia, atacando militarmente os campos de refugiados. Pelo que o Líbano converteu-se no centro de operações contra Israel. O exército libanês perdera totalmente o controlo, e em 1973, fracassou uma tentativa militar contra FLP organizada com o apoio da Síria. Paralelamente intensificaram-se as lutas armadas entre as milícias cristãs, pró – israelitas e as organizações palestinianas. Apoiadas por guerrilheiros muçulmanos simpatizantes. Em 1975 rebenta a guerra civil, depois de unidades palestinianas terem tomado de assalto o bairro cristão de Beirute Oriental. Uma luta sangrenta arrastou-se até ao Verão de 1976. Por fim o presidente Soleimão Frangie, contra a opinião da maioria maronita, lançou um apelo à cooperação da Síria, para salvar os cristãos do país. A Síria receava que os palestinianos convertessem o Líbano num Estado sobre o seu domínio, o que colocaria em xeque a situação da Síria como vencedora dos palestinianos. Prestaram assim o auxílio pedido e atacaram implacavelmente os palestinianos, sobretudo com o cerco e destruição de alguns campos de refugiados.
As tropas sírias tinham ocupado praticamente todo o país, com excepção do território fronteiriço com Israel. Assim surgiu um núcleo chamado a Tropa Árabe da Paz, financiada pelos Estados produtores de Petróleo, sob a pressão de outros países árabes, aos quais se uniram transitoriamente, contingentes de outros países. Mas depressa os sírios voltaram a ajudar os palestinianos, sucedendo-se assim rapidamente ataques de surpresa palestinianos e os respectivos contra – ataques. Provocando assim uma ocupação transitória no sul do Líbano por parte de Israel. O ataque das forças da paz da ONU e de uma milícia cristã e dos Xiitas sobre a chefia do ex-comandante do exército libanês, Saad Haddad, que colaborava com Israel, só trouxe uma paz transitória.
Com a ajuda dos EUA foi negociado um armistício em 1981, que Israel interpretou como válido, não só para o sul do Líbano, como para outros lugares. Os guerrilheiros palestinianos quebraram sempre.
A um atentado em Junho de 1982 contra a Embaixada de Israel em Londres, deu origem a numerosos ataques da força aérea israelita, de mísseis e confrontos de artilharia constantes em larga escala. De seguida tropas israelitas voltaram a marchar sobre o sul do Líbano, ocupando o sul do país até à capital Beirute. Uma grande parte dos palestinianos e dos combatentes muçulmanos fugiam, acabando por ser cercados na zona ocidental de Beirute. Em Agosto chegou-se a um novo armistício, as unidades da FLP, foram evacuadas para outros países árabes. Para garantir o armistício foram instaladas unidades militares dos EUA, da França e da Itália. Israel cedeu ás milícias cristãs a procura e captura dos membros da FLP e dos efectivos militares, que se mantinham escondidos em campos de refugiados. Setembro de 1982, as milícias promovem um banho de sangue. As primeiras informações davam conta de um massacre de 3.000 vítimas. Mas uma comissão de inquérito israelita contabilizou cerca de 800 vítimas mortais e a cumplicidade das autoridades israelitas, por negligência.
Uma investigação efectuada por peritos libaneses, conhecida como a única realizada no local sucedido, com a ajuda da Cruz Vermelha e de equipas de médicos internacionais, chegou ao resultado de 460 mortos, 269 palestinianos, entre os quais havia 19 mulheres e 20 crianças.
- O processo entre 1983 e 1984.
A campanha militar do Líbano provocou um mal-estar no governo de Israel. Nesta altura pedia-se o regresso rápido das suas tropas. Com a mediação dos EUA, foi estabelecido um acordo em Maio de 1983, entre o Líbano e Israel, o qual a Síria se opôs sobre a retirada das suas tropas estrangeiras ai estacionadas, que praticamente não tinham intervido no conflito. Também se opuseram a qualquer acordo as unidades da FLP estacionadas em grande parte no Líbano, entre as quais se produziram confrontos armados, devido à política vacilante de Arafat. Em Julho de 1983, Israel anuncia a retirada das suas unidades militares para o rio Awali. Não ficando a preparação para uma ocupação mais ampla na zona sul do Líbano, enquanto que por parte da Síria e da FLP, não se manifestava qualquer disposição para chegar a um acordo parcial.
O resultado indirecto foi o recrudescimento da luta entre grupos palestinianos e drusos, por um lado e por outro as unidades cristãs e o exército libanês. O ataque de infantaria e artilharia mudou do monte Schuf para Beirute, apanhando as aldeias cristãs dos arredores. Reacendendo a guerra civil, luta que provocou um perigo maior para os soldados que faziam parte do contingente das tropas da paz da ONU.
Bibliografia
– A moderna História de Israel.
– O Sionismo, a epopeia de um povo.
– A Palestina na História.
– História do Estado de Israel.